sexta-feira, 17 de abril de 2009

Responsabilidade ambiental chega às oficinas mecânicas

Não adianta o Brasil apenas investir em tecnologias para redução do consumo de combustível e a emissão de poluentes, ou mesmo incentivar o motorista a regular o motor e trocar os filtros do carro periodicamente se o descarte dos materiais na maioria das oficinas mecânicas representa uma agressão ao meio ambiente.

O resto de óleo usado é jogado no esgoto e as peças e vidros vão para o lixo comum. A destinação correta tem motivos de sobra para ser importante: só o vidro leva 1 milhão de anos para se degradar.

A Certificação Ambiental lançada este mês pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) e o Centro de Experimental e Segurança Viária (Cesvi) vai colocar ‘ordem na casa’, porque todos os procedimentos de descarte e reparos em funilaria, pintura, mecânica e administração terão de estar adequados ambientalmente para a oficina ganhar o Selo Verde.

IQA e CESVI lançam a Certificação Ambiental para setor de reparação na Automec 2009
Diversos aspectos, como reciclagem, descarte de peças e processos de operações, serão avaliados para a nova certificação, reconhecida pelo Selo Verde IQA-CESVI.

O IQA (Instituto da Qualidade Automotiva) e o CESVI BRASIL lançam na Automec 2009 - 9ª Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços, a 'Certificação Ambiental' para a área da reparação. Inédita no mercado, a certificação vai atestar que as oficinas e centros de reparação possuem processos ambientalmente sustentáveis e contam com procedimentos de descarte e reparos adequados. Na Automec 2009, o estande do IQA estará localizado na rua K, do Pavilhão de Exposições do Anhembi, que acontece de 14 a 18 de abril, em São Paulo.

“Hoje, em qualquer área, buscam-se soluções eficientes que causem menos impactos na natureza. Na área da reparação, isso significa se preocupar com o descarte de peças, fluidos, reutilização de peças e reciclagem. Ações que trarão benefícios diretos não só para a empresa, mas para a sociedade como um todo”, destaca o engenheiro Mário Guitti, superintendente do IQA. O objetivo do Selo Verde IQA-CESVI também é inserir o mercado da reparação na questão ambiental.

O novo escopo de certificação das entidades vai analisar requisitos específicos sobre questões ambientais em funilaria, pintura, mecânica e administração. “O automóvel é um dos produtos que também poluem o meio ambiente, desde o desenvolvimento até quando chega ao mercado e vai para a reparação. Neste ponto, inúmeros procedimentos são nocivos ao meio ambiente, como o descarte de peças sem critérios corretos, fluídos, pneus, pintura, lavagem de equipamentos, entre outros. A certificação vai atestar que a empresa realiza processos de reparação adequados, que causam menos impactos”, destaca Mário Guitti.

Requisitos - Dentro da funilaria, será analisado se a empresa faz o descarte correto de peças plásticas, metálicas e de vidro, materiais que devem ser retirados ou encaminhados para empresas de reciclagem credenciadas e registradas por entidades reconhecidas. “Além disso, os equipamentos utilizados podem contribuir para um maior ou menor impacto ao meio ambiente. A certificação exige equipamentos que diminuem os danos à natureza, como a solda MIG/MAG e aspirador com filtro”, ressalta Sérgio Ricardo Fabiano, superintendente de Negócios do CESVI BRASIL.

Na pintura, é observado se a empresa desenvolve processo de reciclagem do solvente, utilizando-o para lavagem de pistolas de pintura ou peças, e há descarte correto de materiais contaminados, como embalagens de tinta, papel de mascaramento e estopa.

Alguns equipamentos são obrigatórios, como cabine de pintura com sistema de filtragem, com substituição do filtro de acordo com as especificações do fabricante, e pistola HVLP, que economiza tinta. “Recomendamos outros itens, como o processo de pintura à base de água, que é menos nocivo”, destaca Sérgio Ricardo Fabiano.

Mecânica – Na mecânica, requisitos como sistema adequado de lavagem de peças (não agressivo ao meio ambiente) e descarte adequado de peças também são verificados. “Outro ponto importante, não obrigatório num primeiro momento, é possuir um sistema de decantação de óleo. A mistura da água com óleo, proveniente da lavagem de motores, vai muitas vezes direto para o esgoto, contaminando o lençol freático. O sistema de decantação de óleo faz o trabalho da separação, jogando no esgoto a água limpa e num outro recipiente o óleo coletado, que depois pode ser vendido”, explica Mário Guitti.

Outro ponto importante, segundo Mário Guitti, é a reutilização da água da torneira, chuveiro e da chuva para limpeza das áreas que não necessitam de água limpa. “A ideia de se criar recomendações como essas e outras, como utilizar telhas transparentes para economizar energia e diminuir quantidade de lâmpadas acesas, é justamente para gerar essa consciência ambiental e inserir o segmento nesta questão, além de alertar os próprios consumidores”, diz.

De acordo com o engenheiro do IQA, é fundamental que a administração tenha comprometimento quanto aos aspectos ambientais e separação de resíduos. “Só assim essa consciência poderá ser implantada de maneira efetiva”, acrescenta. Para tanto, é preciso que a administração desenvolva um planejamento, treinamento e conscientização dos funcionários e, além disso, atente-se para cumprir a legislação ambiental vigente na região onde atua. As oficinas que atenderem a todos os itens de preservação do meio ambiente recomendados na certificação ganham o selo de reconhecimento público, o Selo Verde IQA-CESVI, que poderá ser divulgado para todos os clientes.

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