sexta-feira, 3 de julho de 2009

Falta de segurança faz Greenpeace não participar de audiências no Pará


Por Redação da Envolverde

Encontro entre representantes da ONG ambientalista Greenpeace, Ministério Público Federal do Pará e deputados federais paraenses transformaram a comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal, em Brasília, em um palco de batalha. Na quarta-feira (01/03), os deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária saíram em defesa dos pecuaristas e criticaram duramente a ação do MPF pedindo a suspensão por 90 dias das autuações a frigoríficos e supermercados para discutir o relatório do gado.

De acordo com nota do Greenpeace, “os deputados do Pará querem ganhar no grito”. Durante três horas seguidas, os deputados paraenses, os únicos presentes em peso à reunião da comissão na Câmara, “limitaram-se a vociferar insultos e ofensas contra a ONG. Bateram no peito para berrar que a entidade deveria ser expulsa do país, desfiaram ameaças e se enrolaram na bandeira nacional para defender o desmatamento. Mas em nem um momento sequer, se dispuseram a discutir as denúncias que fazem parte do relatório divulgado pelo Greenpeace, um sinal claro de que seu conteúdo é um retrato fiel da situação do gado na Amazônia em geral, e no Pará em particular.”

A ONG decidiu, na manhã de ontem (02/07), não enviar nenhum representante à audiência pública da comissão de agricultura do Senado, que foi realizada ontem à tarde, não em Brasília, mas em Belém, na Assembleia Legislativa do Pará.

Diz a nota: “Infelizmente, o Greenpeace, depois de passar seis horas ontem, dia 1ª de julho, na comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados para debater o tema da rastreabilidade da produção de carne – um dos pontos levantados pelo nosso relatório – percebeu que a bancada ruralista do Pará não quer discussão.Os ruralistas sequer aceitaram discutir com os representantes do Ministério Público Federal presentes à audiência na Câmara, a ação recentemente impetrada pelos procuradores para combater a ilegalidade que ronda a produção da carne no Pará. Os deputados reclamaram de injustiça e clamaram para que o MPF suspendesse ou retirasse a ação. Houve deputado que ameaçou os procuradores com processo e pedido de perda de função”.

Segundo o deputado Moreira Mendes (PPS-TO) , “os pecuaristas foram incentivados a ocupar o Brasil, a defender nossas fronteiras e hoje são criminalizados. O que o governo vai fazer com os 25 milhões de brasileiros que vivem e trabalham na Amazônia? Quem pagará esses prejuízos se deixarmos de produzir?”, perguntou expressando a revolta do setor. Um representante do setor dos frigoríficos disse que o Ministério Público Federal foi "prepotente", "irresponsável" e agiu de maneira "açodada" ao mover ações contra pecuaristas e frigoríficos que comercializaram bois criados em área desmatada.

Segurança

O Greenpeace considerou que seria inútil comparecer à audiência de ontem em Belém, “pois além de evitar ficar horas ouvindo ameaças e impropérios de políticos", houve também uma preocupação com a segurança de todos os participantes da audiência em Belém.

“Como a direção da ONG enviou ofício ao governo estadual pedindo garantias e reforço policial - que foi negado - preferimos não comparecer”, disse a direção. A nota ainda afirma “que o Greenpeace reitera que continua aberto ao debate sobre meios para modernizar a indústria da carne brasileira, afim de prepará-la para uma competição cada vez mais exigida por mercados internacionais e evitar que o gado continue a ser o principal vetor de desmatamento na Amazônia”.

Rastreamento

Depois da decisão do MPF/PA de exigir o cadastro do rebanho no Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou na quarta-feira (01/07), que o rastreamento eletrônico do rebanho bovino do Pará começará em dezembro.

Na primeira fase, a cobertura será de 150 mil quilômetros quadrados no Pará. Ele acrescentou que a nova forma de monitoramento vem sendo feita com o governo estadual, com frigoríficos e pecuaristas. Dados do MPF/PA mostram que apenas 69 propriedades rurais tem licença ambiental, dentre as 220 mil existentes dando conta do tamanho da ilegalidade na pecuária do estado.

* Com informações do Greenpeace e jornais O Globo e Folha de S. Paulo.

(Agência Envolverde)

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