quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Oficina estuda formas de reduzir emissões de gases estufa provenientes do Cerrado

Técnicos e representantes de órgãos ambientais do governo federal estão debatendo, em Brasília, estratégias para combater o desmatamento no Cerrado, que atualmente responde por um expressiva parcela da emissão de gases de efeito estufa do Brasil, com índice tão alto quanto o da Amazônia.

Em um momento pré-Copenhague foi iniciada a oficina de trabalho para finalização do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado), lançado em sua primeira versão em 10 de setembro.

Durante o evento, os participantes vão debater como o governo federal pode, de fato, contribuir para a redução das emissões provenientes do Cerrado. Na sexta-feira (6/11), último dia da oficina, haverá um encontro com os secretários de meio ambiente dos onze estados onde o bioma está presente.

Disponibilizado na internet para consulta pública, durante 40 dias, o Plano contou com a participação e sugestão de entidades governamentais, pessoas físicas, universidades e sociedade civil.

Os dados apresentados, bem como as sugestões e críticas, foram incorporados à discussão, e agora estão sendo apresentados durante a oficina. Dela participam membros de entidades acadêmicas e representantes da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Chico Mendes (ICMBio) e Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

O diretor de Ações de Combate ao Desmatamento na Amazônia, Mauro Pires, explica que pontos fundamentais que precisam ser considerados, como a recuperação e proteção de recursos hídricos e o monitoramento em todos os estados do Cerrado, foram muito enfatizados.

Nos próximos dias os técnicos vão tentar estabelecer as principais estratégias e linhas de ação para uma intervenção inicial e emergencial, tendo em vista que perdemos 1,5% de Cerrado ao ano.

Para se ter uma idéia, o bioma possui 2 milhões de km2, e sua taxa anual de desmatamento é em torno de 21mil km2. Já na Amazônia, que tem 5,5 milhões de km2, esse índice é entre 11 e 12 mil km2. "É uma taxa muito violenta", avalia Pires.

Ele afirma que o bioma precisa de uma forte intervenção. "O Cerrado tem emitido tanto quanto a Amazônia. Se não houver a participação dos demais órgãos do governo federal, corremos o risco de não ir muito longe. O desafio é grande e o sucesso do plano na região amazônica ocorreu porque houve uma grande mobilização de muitos setores do governo", conclui .

Na última reunião do ministro Carlos Minc com o presidente Lula, realizada nesta terça-feira, ficou acertado que na proposta brasileira para Copenhague haveria ações voltadas para a redução das emissões no Cerrado e em outros biomas.

Mauro Pires explica que o foco das primeiras ações estará na criação de unidades de conservação nos onze estados, bem como a realização do macrozoneamento do Cerrado, implementação de um sistema de monitoramento e a valorização de ações de sustentabilidade e fomento de produtos oriundos da biodiversidade do bioma.

No próximo dia 19 a última versão do plano será debatida com a sociedade civil e universidades em uma reunião pública. A previsão para a conclusão do PPCerrado é até o início de dezembro.

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