O jornal Liberal mantém o fôlego contra as ações coletivas dos movimentos sociais no estado, em particular os ligados ao campo, com ênfase no MST. A edição do 33.247, do dia 24 de setembro coroa a sua linha editorial marcada pela parcialidade, e a indiferença aos passivos de toda ordem que os grandes projetos internalizam na Amazônia, em particular no Pará.
O periódico que chegou a vociferar que uma reunião realizada num espaço da Igreja Católica tinha como pauta a organização de uma massiva ocupação da ferrovia de Carajás, sem nenhuma comprovação, lançou hoje mais um tijolo na faraônica obra da má informação.
A chamada de capa alardeia que: MST inferniza vida de trabalhadores. A manchete é motivada pela ocupação que trabalhadores rurais realizam numa estrada vicinal no município de Ourilândia do Norte, sudeste do Pará. A localidade é palco da exploração mineral da Vale a partir da Mineradora Onça Puma (MOP), que explora níquel. Estranho é que o MST não atua naquele município.
O manifesto da ocupação divulgado pela rede mundial de computadores, deixa claro que as 150 pessoas ocuparam a estrada vicinal motivadas pela hipertrofia do poder da empresa, que tende a atropelar tudo e todos para a efetivação de seus interesses. A nota esclarece que a MOP desde 2003 vem afetando e desestruturando a vida econômica e social das famílias camponesas assentadas pela reforma agrária nos projetos de assentamentos não só no município de Ourilândia, mais também em Tucumã e São Félix do Xingu.
A nota dos movimentos sociais assinada por duas associações de produtores rurais esclarece que mais de 500 famílias estão sendo afatedas pelo projeto. E que além da compra ilegal de lotes, a MOP tem afetado o escoamento da produção do leite. E que por conta do desmatamento onças e macacos estão descendo da serra e ameaçando animais e moradores do lugar.
O Liberal não apurou o conjunto de denúncias que desde julho a Comissão da Pastoral da Terra (CPT), tem investido em publicizar, nem mesmo envia o repórter até a área do contencioso. Todo empenho do periódico tem sido direcionado na desqualificação e criminalização das ações dos movimentos sociais.
O editorial da mesma edição, “Manipulações criminosas”, o empenho em desqualificar as ações dos coletivos sociais é tanto, que a palavra crime e seus desdobramentos ou sinônimos soma 10 registros. A iconografia é outra peça na mesma linha.
A charge que ilustra a matéria que ocupa toda a página 05 do caderno Geral há um grupo de pessoas com foices sobre um trilho e duas em primeiro plano, duas pessoas com as armas de fogo, um revólver e algo que parece ser uma espingarda. No mesmo caderno a Vale anuncia meia página de um projeto do grupo Liberal denominado Anuário.
Rogério Almeida é colaborador da rede www.forumcarajas.org.br. E anima o blog http://rogerioalmeidafuro.blogspot.com/
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