O mercado de créditos de carbono - certificados lançados quando se reduz a emissão de gases que causam o efeito estufa - passa por uma fase de baixa. Em Londres, a mínima deste mês para a RCE (Redução Certificada de Emissão, que equivale a uma tonelada de CO2), chegou a 9,95 euros (R$ 30).
Em dezembro, os negócios estavam na casa de 14 euros. Em setembro, antes da quebra do Lehman Brothers, que desencadeou a piora da crise financeira global, o preço era de 19 euros. A evolução dos números é sombria, mas, a médio prazo, existe a perspectiva de reação.
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De um lado, são esperados os reflexos da política pró-energia limpa do governo Obama nos EUA, dizem Marco Antonio Fujihara, responsável pelo setor de sustentabilidade do Instituto Totum, e Luís Fernando Filardi Carneiro, gerente para a América Latina da área de mudanças climáticas do grupo Lloyd's Register.
De outro, embora a desaceleração da economia leve a uma redução espontânea da emissão de gases poluentes, o problema do aquecimento global permanece e vai exigir a ação dos países e das empresas.
Neste começo de ano os créditos de carbono refletem a deterioração geral dos mercados. Na esteira da retração das economias dos países industrializados, menos produção implica menos poluição e menos necessidade de certificados de redução de emissões.
À demanda em contração se soma a um momento em que a oferta aumentou muito, diz Maurik Jehee, superintendente de créditos de carbono do Banco Santander. "Bancos e empresas reveem necessidades nos países industrializados", afirma. Os créditos de carbonos também servem para fazer caixa. Quando muitos vendem, os preços caem. Não há mágica.
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No curtíssimo prazo, as cotações podem até cair mais, diz Divaldo Rezende, diretor-executivo da divisão brasileira da consultoria CantorCO2e. Embora espere que isso não ocorra, Rezende não descarta que se repita o piso de 6 euros apurado em 2006 para a RCE --esse certificado vem de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) realizados em países emergentes e dos quais empresas dos países industrializados se socorrem para cumprir as metas acertadas segundo o Protocolo de Kyoto.
No terreno das incertezas, pesa a indefinição sobre o que vai suceder ao atual período de aplicação de Kyoto, que se estende até 2012. Somente daqui a três anos é que Hajime Uchida, gerente-geral do departamento de ambiente do Banco Sumitomo Mitsui Brasileiro, considera possível que o mercado se recupere com mais consistência. Segundo ele, os créditos de carbono seguem a lógica do mercado de commodities, sobretudo as mais ligados ao petróleo e à energia. "O dinheiro sumiu", afirma.
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