terça-feira, 19 de maio de 2009

Políticos e descrédito

Por Vilson Antonio Romero,
diretor da Associação Riograndense de Imprensa.


Sabem o deputado federal que disse "estou me lixando para a opinião pública". Pois é verdade! Ele tem razão! Ele - que não convém nem mencionar o nome - é detentor de sete mandatos, e sua esposa, de quase outros tantos como deputada e prefeita no interior do RS.

Sabem por que ele tem razão? Porque no parlamento tupiniquim, a lama que sai do buraco de um escândalo encobre o escândalo anterior. Só neste ano da graça de 2009, tivemos o caso das dezenas de diretorias do Senado. Já esqueceram? Pois é! Tinha a Subsecretaria de Convergência Tecnológica, a Coordenação de Apoio Aeroportuário – pra fazer o check-in dos senhores parlamentares e ´aspones´, a Subsecretaria de Elaboração de Autógrafos e Redação Oficial, a Subsecretaria de Processamento Técnico de Informações Bibliográficas, até a Diretoria de Garagem, entre outras denominações pomposas.

O primeiro-secretário da Casa, depois da divulgação das aberrações, exonerou menos de um terço dos diretores e determinou o imediato recolhimento dos veículos que estavam à disposição dos quase duas centenas de apaniguados. Mas, o assunto parou por aí, afora a recente divulgação de um sem-número de assessores virtuais que custam mais de R$ 350 mil ao mês.

Mas isto é café pequeno! A poeira já foi varrida para debaixo do tapete porque, em seguida, foi revelada a “farra” das passagens aéreas. Com máfia externa ou interna, o que se sabe é que assessores, deputados, senadores, ministros, inclusive do STF e STJ, aparecem como beneficiários da falta de controle sobre as passagens aéreas. Um saite dá conta que ex-senadores utilizaram quase 300 bilhetes aéreos depois de perderem ou terminar seu mandato.

Só fazendo pilhéria destes absurdos e outros desmandos que campeiam em nossos parlamentos. Por isto que, após as eleições municipais de outubro, a Justiça Eleitoral em todo o país já cassou 357 políticos eleitos por compra de votos e por outras artimanhas.

Eles estão “se lixando”! Pesquisa encomendada pela Associação dos Magistrados Brasileiros comprova que a política brasileira passa por descrédito generalizado: 85% dos pesquisados acham que os políticos só atuam em benefício próprio e metade duvida da lisura das eleições. Realizada às vésperas das eleições municipais de outubro pelo Vox Populi, a pesquisa ouviu 1.500 pessoas em todo o país.

Outra pesquisa coordenada pelas universidades de São Paulo (USP) e de Campinas (Unicamp) aponta que 79% dos brasileiros não confiam no Congresso e 82% são descrentes dos partidos. A revista Veja publicou, há algum tempo, outra consulta, realizada pelo Instituto Ibope Opinião, mostrando o que pensam os brasileiros a respeito de seus deputados e senadores.

A tabulação aponta “para um imenso abismo entre a sociedade e os que deveriam representá-la”. Apenas 3% dos brasileiros ouvidos acreditam que os congressistas representam e defendem os interesses da sociedade. É óbvio que devemos resguardar a imagem da parcela que ainda integra o Congresso defendendo com lisura, democracia, integridade e honestidade o seu eleitorado. Mas repudiando aqueles que continuam se “lixando”.

Pra mim, pra você, pra opinião publica em geral!

(*) E-mail: vilsonromero@yahoo.com.br

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