quarta-feira, 6 de maio de 2009

Secretaria confirma vazamento de caulim em Barcarena, mas empresa nega ter havido dano ambiental

Mais um vazamento de rejeitos pode ter contaminado o solo no distrito industrial de Barcarena, a 22 km de Belém.

O vazamento foi da fábrica da Imerys Rio Capim Caulim. Há suspeita de rompimento de tubulação por 'fadiga' do equipamento, ou seja, tubulação velha. Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), a Gerência de Áreas Degradadas (Gerad) confirmou ontem o vazamento de rejeitos de caulim, mas ainda vai aguardar laudos para se manifestar sobre esse novo acidente ambiental. A estimativa é de que cerca de três mil litros de caulim vazaram no solo da fábrica, o que caracteriza crime ambiental porque são usados pelo menos cinco produtos químicos durante o processamento do caulim. O acidente ocorreu no último sábado, por volta de 11h.

Quem fez a denúncia foram moradores da comunidade de Nova Jerusalém. Fiscais da Sema e policiais da Delegacia de Meio Ambiente estiveram no local e fizeram levantamento de informações. Segundo o gerente de Áreas Degradadas, engenheiro Célio Costa, a 'área interna atingida é pequena, mas é preciso aguardar o resultado do laudo pericial, feito no domingo para qualquer avaliação responsável', afirmou.

A Sema esclareceu ainda que as medidas de contenção previstas na legislação ambiental foram tomadas pelas equipes da Imerys, logo após o vazamento, para evitar qualquer ampliação da área afetada, circunscrita à propriedade da empresa, e que não atingiu, pelo menos nas observações feitas no domingo, nenhum corpo hídrico do entorno da fábrica. O auto de infração, lavrado pela equipe técnica da Sema, será entregue somente hoje à empresa, porque no dia da vistoria à sede da fábrica, não havia alguém habilitado para receber o documento.

Em nota, A Imerys informou que não houve vazamento de caulim que pudesse ocasionar nenhum tipo de dano ao meio ambiente ou às comunidades que habitam a região. A empresa confirmou 'uma fissura em uma tubulação que contém caulim e água e que está localizada dentro das dependências da fábrica da Imerys'. A empresa garante que o vazamento foi detectado pela equipe de monitoramento ambiental e tomou as devidas providências, recolhendo o caulim, sem que nenhum material tenha vazado das dependências da empresa, onde atingiu apenas uma pequena área, tendo reparo imediato. Por esta razão, a empresa julgou que não havia necessidade de informar a Sema. Entretanto, ainda no sábado, um gerente da Imerys RCC recebeu a Secretaria e a Dema (Delegacia do Meio Ambiente) e prestou todos os esclarecimentos. A Imerys aguarda notificação da Sema para avaliar quais medidas adotar.

Alunorte afirma que rio já era poluído

A Promotora de Justiça de Barcarena, Sandra Fernandes Gonçalves, ouviu anteontem (4) pela manhã representantes de três centros comunitários da região atingida pelo vazamento de rejeitos de bauxita da fábrica da Alunorte, que poluíram as nascentes do rio Murucupi, outros afluentes e uma grande parte do solo da região no município. Os representantes das comunidades atingidas denunciaram à promotora os prejuízos causados pelo acidente ambiental e querem ser indenizadas.

Em protesto, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Livres (MTL), ligado à Via Campesina, que reúne o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) interditando o tráfego de veículos leves e pesados ao longo da manhã na rodovia estadual PA-481. A manifestação só acabou quando representantes Alunorte se reuniram com os manifestantes. No encontro, a Alunorte ouviu as denúncias contra a empresa.

A Alunorte divulgou uma nota à imprensa

'Mesmo águas do rio Murucupi estando em condições normais de pH, a empresa continua fazendo monitoramento', afirma a nota da Alunorte Também foram ouvidos ontem representantes da empresa. Os representantes da Alunorte admitiram o transbordamento de rejeitos de bauxita, mas alegaram que irão comprovar através de laudos que o rio já era poluído.

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