segunda-feira, 22 de junho de 2009

Aziz Ab’Saber critica governantes e pesquisadores em relação ao cuidado do meio ambiente

Por Redação do Jornal da Ciência

Geógrafo recebeu o título de Doutor Honoris Causa na Uerj no dia 2. Segundo o cientista, hoje, as grandes chuvas se repetem em um menor espaço de tempo e com mais intensidade devido ao aquecimento global.

O cientista, professor e geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber, ex-presidente e presidente de honra da SBPC, recebeu, no dia 2, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), o título de Doutor Honoris Causa. A distinção máxima prevista é uma homenagem que integra ao corpo da Universidade pessoas importantes no campo da ciência, cultura, educação etc. Conforme Maria Georgina, diretora do Centro de Tecnologia e Ciência da Uerj (CTC), “o professor Aziz é um cientista engajado nas questões ambientais do país, reconhecido internacionalmente. Possui estudos de importância quantitativa e qualitativa em diversas áreas, como morfologia, biologia, ecologia, entre outras”.

Aos 84 anos, Aziz continua a fazer pesquisas e é interessado em diversas causas de interesse social. Segundo afirmou no evento de titulação, não importa apenas cuidar e estudar do meio ambiente: é necessário buscar melhorias práticas para a sociedade. Quanto à educação, ele propõe um novo modelo didático para o ensino da geografia, como a vivência em campo pelos alunos.

Comentando sobre as novas tecnologias utilizadas na educação, o professor disse que estamos em um momento extraordinário para o ensino da geografia e de outras disciplinas. “A possibilidade de visualizar, em 3D, imagens de qualquer lugar do Brasil, deixa mais fácil e interessante o aprendizado do aluno”, explicou.

Sobre o aquecimento global, Aziz criticou a atuação das pessoas que têm o poder e o saber para cuidar do meio ambiente. “Já ouvi coisas absurdas, das pessoas mais bem conceituadas, sobre o aquecimento global. Como, por exemplo, afirmar que a Amazônia está em processo de desertificação”. Ele lamenta que as instituições de pesquisa no país não estejam realizando um trabalho eficiente e que mostre os caminhos corretos que devemos seguir para minimizar os problemas ambientais.

Atualmente, Aziz faz um estudo sobre os anos de grandes chuvas na região das serras de Santa Catarina. Ele disse que, de 12 em 12 anos há um aumento significativo do volume delas na área e também em outras regiões do país. Além disso, ele concluiu que, atualmente, os grandes deslizamentos de terra provocados pelas chuvas, como os ocorridos no Rio Janeiro em 1996, são cada vez mais frequentes.

Segundo o cientista, hoje, as grandes chuvas se repetem em um menor espaço de tempo e com mais intensidade devido ao aquecimento global. “Quanto mais calor produzimos, mais evaporação temos. Com isso, as correntes vindas dos oceanos trazem mais umidade para o continente. Isso, infelizmente, não é percebido pelas pessoas que estão dentro de instituições científicas”, explicou.

Crítico da política ambiental do atual governo, Aziz cobra das autoridades políticas uma mudança de atitude. “Os governantes têm que ter a noção dessa periodicidade das chuvas. Eles precisam saber quais os lugares estão em risco. Antes de se pensar em qualquer projeto, é necessário prever os impactos que ele poderá trazer e tentar minimizar os problemas para o futuro do país”, argumentou. Mesmo consciente de todos esses problemas, Aziz é um otimista em relação ao futuro: “vale a pena pensar nos pobres do sertão e nos que ainda estão à beira dos igarapés na Amazônia”.

* Com informações da Ascom da Uerj.

(Envolverde/Ecoagência)

Nenhum comentário: