[Editorial 15.06.2009]
A intenção dos militantes do Sul do Pará em buscar a emancipação do seu novo Estado é correta, como é correta a intenção dos militantes do Oeste do Pará de emancipar esta região. É uma luta positiva, diferentemente de um separatismo, como tem sido insinuado pelos belenenses temerosos de perderem as tetas leitosas do atual Estado do Pará, cujo “leite" econômico provém em sua maior parte do Sul e Oeste do atual Pará.
A emancipação é como na família, quando o filho chega a um ponto de sair de casa, tomar seu rumo de independência. Os pais sentem o impacto, mas não impedem tentativa de biscar novo destino do filho. É normal e justo.
O que desperta a atenção no caso da atual luta emancipatória do sul do Estado é que só recentemente esse movimento entrou em ritmo mais veloz, na carona do movimento mais antigo e mais adiantado do processo de emancipação do Oeste do Estado. Tal iniciativa é incômoda para os militantes de cá. A luta pela criação do novo Estado no Oeste paraense, já avançou no aspecto político em Brasília, com a expectativa de que em breve se terá a possibilidade de realizar o plebiscito estadual. Caso outros projetos entrem na carona, certamente este terá mais atraso, prejudicando o sonho dos militantes desta região. Daí a compreensível reação de seus militantes, que apóiam a luta dos colegas do Sul do Pará, mas sem prejudicar seu processo.
A elite de Belém anda bastante preocupada com a persistência da militância do futuro Estado do Oeste do Estado e até que apoiaria a pretensão dos militantes do sul do Estado, como forma de retardar o processo do Oeste. Afinal, a elite de Belém sempre usufruiu dos benefícios colhidos no interior do Estado. Assim foi na época das “ervas do sertão” na colônia, depois no ciclo da borracha, depois no ciclo do ouro dos garimpos, etc. O teatro da Paz é símbolo disso, assim com mais recente o centro de convenções - Hangar, o anel viário e o estádio olímpico, entre outros balangandãs da capital. Criados novos estados essas benesses dos impostos deixarão de enfeitar Belém da burguesia(já que as famílias dos bairros do Guamá, da terra Firme e demais periferias pouco ganham com isso). Isto é, logo que surgirem os novos estados a atual capital das mangueiras se tornará uma mera periferia econômica.
As emancipações do Oeste e do sul do Estado são necessárias e urgentes, embora para os militantes de cá, cada uma a seu tempo. Nos dois casos, tudo indica porém, que não entrou na consciência das populações ainda, não chegou a convicção dessa necessidade ao coração dos um milhào de habitantes do oeste e os um milhão no sul do Pará. Municípios que hoje são periferia esquecida da capital Belém, ainda não percebem que um novo Estado irá mudar sua condição de periferia. Especialmente quando alguns militantes de cá insistem em falar de Estado do Tapajós e Santarém, capital do novo Estado em construção. Isso retarda a consciência coletiva da necessidade de emancipação. Mas que é urgente e necessária a emancipação tanto do Oeste, como do sul do Pará não há dúvida.
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