domingo, 22 de fevereiro de 2009

Pará: Terra de direitos, Estado de conflitos...

[Nelson Tembra] O resultado do cruzamento de dados sobre o setor madeireiro, a máfia da grilagem, a violência no campo e o avanço da pecuária no Estado do Pará revela como estes dados, relacionados entre si, tornaram o Pará responsável por cerca de 40% do total desmatado em toda a Amazônia Legal. A região é palco constante de denúncias de abusos ambientais e desrespeito aos direitos humanos. Os problemas ambientais do Pará estão freqüentemente associados com ausência de aplicação da lei e injustiça social.

A análise de depoimentos de comunidades ribeirinhas, pesquisas científicas, declarações de autoridades, investigações independentes, notícias de jornais e revistas e dados oficiais do governo traça um panorama cruel do que vem ocorrendo em áreas remotas do Pará. Explica o processo de invasão e conquista de áreas remotas e intocadas, mostrando claramente que a ilegalidade, a desordem fundiária e a destruição da Amazônia ameaçam não só a floresta, mas as comunidades tradicionais que dela dependam para sobreviver.

Observa-se um quadro alarmante de invasões e grilagem de terras, violência, assassinatos e trabalho escravo, que é a face obscura da destruição da Amazônia. Considerados de forma isolada, cada um desses casos é uma ofensa à dignidade e direitos humanos, e juntos eles criam um panorama dramático de uma região brasileira que perece caminhar em direção a um futuro sem lei.

Relatórios de organizações não-governamentais dão conta que madeireiros e grandes latifundiários, em diferentes regiões do Pará, pressionam comunidades tradicionais indefesas a deixar suas terras e, em alguns casos, simplesmente expulsam os residentes locais destruindo suas plantações, queimando suas casas e até matando pessoas.

Ainda que inúmeros casos de violência, incluindo assassinatos, sejam registrados, quase nunca eles são investigados de forma apropriada. Os responsáveis raramente são punidos, porque as testemunhas são intimidadas ou mortas. A intervenção pública é desestruturada, esporádica, parcial e fragmentada. Os diferentes níveis e setores do governo dificilmente interagem satisfatoriamente entre si.

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